(Autoria: alunos da disciplina EMN006 Inovação e Espírito
Empreendedor 2012/2 UFMG, lecionada por mim)
De acordo com o último Relatório Global de Competitividade,
divulgado pelo World Economic Forum (WEF) o Brasil passou da 58ª economia mais
competitiva do mundo para a 53ª. Apesar de este “salto” revelar certo avanço do
país, o posicionamento atual ainda é desconfortável, uma vez que o Brasil é a
sexta maior economia do mundo.
Contribuindo com cerca de 56% de todas as publicações da
América Latina, o país não possuir nenhuma universidade entre as 150 melhores
do mundo, demonstrando que os professores e pesquisadores se destacam na
publicação científica especializada. Apesar de ocupar posição admirável na
produção científica mundial (13ª), o Brasil ainda não cobriu a lacuna que
separa seu setor produtivo das universidades e segue com dificuldade de inovar.
Com a maioria dos cientistas e engenheiros distribuídos em
atividades acadêmicas de P&D, a disponibilidade de mão-de-obra
qualificada nas indústrias brasileiras ainda é um problema a ser solucionado
(países desenvolvidos como os EUA possuem cerca de 80% de cientistas e
engenheiros nas empresas), assim como a precariedade do sistema de ensino,
principalmente em relação à qualidade do ensino de matemática e ciências.
O conhecimento gerado pelas instituições de ensino e
pesquisa não é, de maneira expressiva, difundido e transferido para o ambiente
no qual se insere as técnicas, os métodos e os conceitos já dominados, de forma
que ele fica limitado às suas origens e não contribui para o desenvolvimento
sustentável local. Surge, então, um dos principais gargalos nacionais: como
transformar a excelência da pesquisa científica em práticas inovadoras?
Os limites existentes entre universidades e empresas devem-se
principalmente aos objetivos às vezes antagônicos dessas entidades. Por um lado
temos as empresas interessadas basicamente na industrialização, enquanto as
universidades preocupam-se mais com a pesquisa básica. Percebe-se certo
distanciamento entre o que o pesquisador pensa em fazer e o que o mercado
realmente necessita. Dessa forma, muitas das tecnologias desenvolvidas não
encontram aplicações práticas nas indústrias ou apresentam desempenho inferior
ao que era esperado. Também há a possibilidade de as tecnologias tornarem-se
obsoletas antes mesmo de serem oferecidas ao mercado, devido à demanda de
ciclos de vida cada vez mais curtos e às diversas pesquisas realizadas
simultaneamente em todo o mundo.
Podemos considerar que a inovação é importante para
economias que se aproximam das fronteiras do conhecimento, como é o caso do
Brasil. Segundo dados da Organisation for Economic Co-operation and
Development, as atividades ligadas à geração, uso e difusão do conhecimento já
correspondem a mais de 50% do PIB de países desenvolvidos. Apesar de todas as
ações voltadas à inovação (recentemente o Plano Brasil Maior com o lema “Inovar
para competir, competir para vencer”), os investimentos em ciência, tecnologia
e inovação são ainda pouco significativos, com expectativa de alcançar apenas
1,8% do PIB em 2015.
De uma forma geral, sabemos que a inovação caminha
lentamente em países com baixos níveis educacionais e com mercados ineficientes
ou sem infraestrutura adequada. Da mesma forma, a inovação é também desfavorecida
tanto em países sem instituições que garantam direitos de propriedade
intelectual, quanto em países com baixa capacidade tecnológica, seja no sentido
de transferência de tecnologia ou de alcance tecnológico.
O Brasil tem grande potencial para inovação, porém ainda
temos muito a melhorar. A educação básica no país ainda é precária, existe
pouca mão-de-obra qualificada nas empresas e a proteção de propriedade
intelectual ainda é um processo crítico. Adicionalmente, podemos citar os
seguintes fatores que são problemáticos no país: infraestrutura, crédito caro,
práticas gerenciais ultrapassadas, estrutura tributária complexa, burocracia
excessiva, corrupção e criminalidade elevada.
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